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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

E você?


Sinto falta de andar de carro lotado de amigos, nas Férias, numa terça qualquer, de madrugada, e ficar dando voltas no mesmo quarterão, milhões de vezes seguidas, só pra passar na frente do guardinha da rua e todo mundo cumprimentar: "Seu Joãããão!", e rir de uma coisa tão idiota com meus amigos e que parecia ser a coisa mais engraçada do mundo. E em cada volta a gargalhada era melhor ainda. Como eu ia imaginar que aquilo era o que eu iria sentir falta um dia?
Ainda quero me divertir muito com meu filho, no quintal verde e grande de casa, num domingo a tarde e tirar várias fotos, pra lembrar de quando ele era pequinininho e era muito fácil agrada-lo. A melhor foto vai pro porta-retrato, com nós dois rindo, e ficará pra sempre na sala de estar.
Tenho medo de cada vez mais, a medida que envelheço, perder amigos e me limitar a poucos, ficar muito rabugento a ponto de perder o humor, ter problemas graves de saúde que encadeie a minha infelicidade e das pessoas que de mim gostam.
Fico muito feliz em saber que minha mãe morre de orgulho de mim, meu pai quer ser meu melhor amigo, meus primos, mesmo longes, me amam incondicionalmente, e minha namorada morre de saudades de mim quando fico longe.
Tô em falta com a minha vó, deveria ligar mais pra ela. Também tô em falta com os médicos pra um check up geral, com scraps no Orkut, com algum tipo de esporte, arrumar meu armário, falar coisas que já deveria ter falado e fazer coisas que já deveria ter feito.
Eu fantasio, e provavelmente sempre vou fantasiar, a balada perfeita. Pra mim sempre vai ser muito loco, muito legal. Na maioria das vezes nunca é. Mas não me arrependo. Acho que um dos meus pontos positivos é exatamente esse. Fantasiar baladas perfeitas. Companhia ideal. Música perfeita. Bebidas variadas.
Sou realista quando, agora, depois de mais de duas décadas, vejo que meus sonhos de criança nunca vão se realizar. Ser um Rock Star. Nunca quis ser um astronauta ou jogador de futebol. Queria ser um Rock Star! Deve ser por isso que continuo fantasiando as baladas perfeitas. Sonhava em saber lutar muito bem alguma arte marcial. Não chego nem perto hoje. Não desejava ser tão rico, quando menino, mas queria ter dinheiro suficiente pra não trabalhar que nem um condenado como meu pai fazia, e ainda faz.
É ... Sonhos perdidos, boas lembranças.
Meu maior arrependimento é de ter me permitido a ter vícios. E um dos menores é de ter comprado briga dos outros.
Não me arrependo da minha primeira bebedeira, de ter mentido pros meus pais que quebrei a perna, só pra não ir na aula e de ter um grande conhecimento sobre a cultura pop inútil.
Odeio, as vezes, a boa educação que foi me dada. Odeio, as vezes, minha enorme vontade de agradar os outros, ou pelo menos não chatea -las, ou atrapalha-las. Odeio falta de noção. Odeio quem acha que o umbigo é o centro do mundo. Odeio ser sempre o melhor amigo, e nunca o protagonista. Eu odeio pouco, pouco mesmo. Mas odeio intensamente.
Amo um humor apurado. Sofá. Batata Frita. Acho que odeio mais intensamente do que amo. Mas amo mais do que odeio. Amo muito.

Sinto falta de ainda querer ter medo de ficar feliz em estar em falta de fantasiar ou ser realista. Sonhos perdidos, boas lembranças. Meu maior arrependimento é um dos menores. Não me arrependo de odiar. Mas amo muito. E você?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Sobre a falta

Essa semana pensei bastante na morte. Na verdade, não tanto na morte. Pensei mais na ausência, na falta e nas saudades. Às vezes sobra tanta falta dentro da gente que até cansa. E dói um pouquinho também.
Tem horas que é preciso respirar fundo para tentar não desabar. E tem horas que só de respirar fundo dá pra sentir aquela pontinha de saudades incomodando. Discreta.
Acho bom chorar a falta, às vezes. Eu ouvi uma coisa, quando era pequena, que me marcou bastante...Me contaram que quando você chora por alguém que já morreu quer dizer que a pessoa está perto de você. Achei engraçado, um pouco estranho, e nem sei se acreditei muito. Mas por causa disso eu ficava um pouquinho mais feliz quando chorava.
Cada lágrima trazia a pessoa pra mais perto de mim e assim, não fazia tanta falta assim. Na verdade fazia até um pouco de presença.
Quando me acostumei a viver de lembranças, comecei a querer fazer cada vez mais lembranças, pra poder sentir sempre o gostinho do presente. A qualquer hora. Olhar pra trás e curtir todas as flores e pedras do caminho.
E quando digo 'viver de lembrança', não quero dizer ficar presa ao passado, mas sim tornar o presente sempre memorável para poder retornar quando quiser.
Quando vivemos nossas lembranças, cada lágrima é um pouquinho de falta a menos.
E assim falta menos.


º°juju°º