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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Depois, quando eu voltei naquela rua, as bolinhas do arbusto estavam vermelhas. E me lembrei que, quando eu era pequena, elas eram verdes. Pode ser porque o mundo tinha um colorido diferente quando eu não entendia, mas acho que eu passava ali em outra estação do ano.
Agora, o chão não é mais molhado, e dá pra ver o sol. Mas o cheiro continua o mesmo. Como é que muda tudo mas o cheiro continua o mesmo?
Continuei passando como se não estivesse emocionada, mas todo mundo percebeu. Eles conseguiam ver todas aquelas memórias pulando no topo da minha cabeça que nem luzinhas de Natal piscando.
E eu comecei a ficar vermelha, pior que as bolinhas. Foi quando elas perceberam que eu também havia mudado de cor desde a última estação.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Não sei se podia, mas...

Em agradecimento à Van por me deixar dividir as preciosas terças com ela, posto uma pequena homenagem, uma prosa da própria, que me marcou muito:

"Vivo a perambular pelas mesmas ruas que você, mas não no mesmo chão. Porque o mesmo sol que faz aqui faz lá, mas do lado de cá as árvores não me deixam vê-lo." - Vanessa Pugliese

domingo, 30 de setembro de 2007

Você pode tirar os pregos, mas os furos não.

Hoje ela acordou morta.
Acordou pálida, gélida, beirando o púrpura.
Mas acordou.
Levantou-se apenas para se deparar com um mundo enevoado por tons de cinza enjoados.
Como se as partículas houvessem saboreado todas do mesmo amargor.
E agora enchessem seus pulmões como quem respira pelo umbigo fechado com um nó de muitos anos de distância.
Calou-se apenas porque, se não o fizesse, diferença também não faria.
Porque o ruído daquele cinza todo penetrava seus ouvidos e corroia todo o caminho até o solado dos pés.
Sufocando sua voz e choro como se nunca tivessem inventado tais palavras, por falta de onde pôr.
Caiu como num poço sem profundidade.
Lugar que ela própria desconhecia dentro de seu corpo.
Mas caiu imóvel, num mergulho silencioso.
Porque ar era tão impenetrável que os sons não encontravam espaço para se fazer.
E nem sentiu as lágrimas que não escorriam pelo seu rosto.



terça-feira, 4 de setembro de 2007

Ora intransigente, ora transitiva. Sem querer e de propósito, respectivamente. Definitivamente indefinida. Indubitavelmente libriana. Ou não.


Juntar gotinhas de chuva com o dedo,
quando o sol acabou de nascer e tudo fica meio amarelo,
brincar com fotos de longa exposição à noite,
ganhar lembrancinhas, queimar palitos de fósforo,
os desenhos que se formam na madeira, cheirar flores,
usar palavras bregas, fazer piada com um único olhar,
quando o silêncio faz barulho depois da balada,
quando a lua está enorme e amarela, ou bem fininha,
números de telefone divertidos, me alongar,
festa da faculdade quando vai todo mundo,
assistir formiguinhas trabalhando, portas giratórias,
apertar objetos emborrachados, procurar desenhos na lua,
e estrelas cadentes, conhecer palavras novas,
rir de mim mesma, cheiro de cáfé e de milho verde,
poder ver os raios de sol passando no meio das nuvens,
tomar sorvete dentro da piscina e sentir descer gelado,
receber uma ligação de alguém querendo me ver,
coisas que mexem no ritmo da música, fazer cafuné,
falar bom dia, postar no blog e ter muitos comentários,
sol no domingo, ir ao parque quando está sol no domingo,
sentir cheiro de chuva, cheiro de terra, de grama,
abraços apertados e deixar a areia lisinha com os pés.

Nos veremos aos domingos.
Espero que gostem de mim tanto quanto eu. Ou não.

Lia