Hoje ela acordou morta.
Acordou pálida, gélida, beirando o púrpura.
Mas acordou.
Levantou-se apenas para se deparar com um mundo enevoado por tons de cinza enjoados.
Como se as partículas houvessem saboreado todas do mesmo amargor.
E agora enchessem seus pulmões como quem respira pelo umbigo fechado com um nó de muitos anos de distância.
Calou-se apenas porque, se não o fizesse, diferença também não faria.
Porque o ruído daquele cinza todo penetrava seus ouvidos e corroia todo o caminho até o solado dos pés.
Sufocando sua voz e choro como se nunca tivessem inventado tais palavras, por falta de onde pôr.
Caiu como num poço sem profundidade.
Lugar que ela própria desconhecia dentro de seu corpo.
Mas caiu imóvel, num mergulho silencioso.
Porque ar era tão impenetrável que os sons não encontravam espaço para se fazer.
E nem sentiu as lágrimas que não escorriam pelo seu rosto.
domingo, 30 de setembro de 2007
Você pode tirar os pregos, mas os furos não.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
“O que está acontecendo comigo? II”
Esse livro não me ajudou em nada em relação à puberdade, mesmo porque não há muito o que fazer sobre o assunto, mas serviu para me classificar em um grupo, saber que existiam milhares de outros como eu no mundo, e que eu não tava passando sozinha por essa fase estranha.

Hoje me dei conta que estou na crise dos vinte. E ninguém me deu livrinho...
Serviço de Utilidade Pública:
Os sintomas da crise:
1 - Não saber o que quer. Todo jovem teme não encontrar uma paixão que o inspire, seja trabalho, hobby ou uma pessoa
2 - Os 20 anos não são o que se esperava. Imagina-se que esses serão os anos para conquistar a liberdade e a independência da vida adulta
3 - Ter medo de errar. É típica a insegurança de quem acha que, se falhar uma vez, vai falhar sempre
4 - Não querer deixar a infância para trás
5 - Medo de que as escolhas de hoje afetem o resto da vida. E ser incapaz de mudá-las
6 - Fazer comparações constantemente. O jovem se compara a colegas e se sente menos capaz, acha que todos são melhores que ele
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
O que é uma família senão o mais admirável dos governos? Henri Lacordaire
Estou numa fase super família. Só falo disso. Às vezes até me acho meio chata falando deles. Mas não to nem aí. Me aguentem...(por favor, vai!)
Já fazem 4 anos que moro fora da casa do papi e depois de ter conquistado um pouco de independência e autonomia, eu vou voltar. Vou morar com a familhada!
No começo fiquei beeem apreensiva...pensando na liberdade que eu ia perder, nos momentos só meus que agora seriam compartilhados...enfim, dei uma surtada! Mesmo!!
Mas decidi ver por outro lado. Decidi reparar que assim como todas as coisas na vida, essa também tem o seu lado bom.
Chega de fazer supermercado, de lembrar de pagar as contas e de arrumar a casa. Chega de cozinhar pra 1 pessoa e ter que lavar a louça. Chega de comer Miojo e tomar sopinhas Vono.
Não quero mais ter que chamar o técnico para consertar a geladeira ou o fogão. Eles só atendem em horário comercial e eu trabalho em horário comercial. You do the math. Já estou sem internet há uns 4 meses!!
Não quero mais ter que levantar às 3 da madrugada, com 39o de febre, e ir à farmácia comprar remédios pra mim mesma! Quero um pouco colo e canja. Casa, comida e roupa lavada.
Não quero mais a casa vazia. Às vezes é bom ter a casa cheia, ter alguém pra conversar depois de um cheio insuportável no trabalho, alguém pra assistir as Video Cassetadas do Faustão. Até alguém pra encher o saco, senão não teria graça fugir de casa, falar mal dos pais e reclamar da vida. Nem tudo são flores, certo?
Bom, daqui a um mês eu começo a mudança. Depois conto pra vocês quanto tempo eu aguentei! Torçam por mim...
Como sou irmã e madrinha coruja, queria mostrar pra vocês: o último presente que comprei pra minha irmãzinha/ afilhada/ criança mais fofa do mundo/ 3 anos de muita risada/ senhorita chucrute. Babem!!!
http://www.bancadecamisetas.com.br/produtos_descricao.asp?barra=028011000&codigo_categoria=003
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Dúvidas, certezas e sofás

terça-feira, 25 de setembro de 2007
No escuro
todo mundo é igualmente nu.
Ninguém tem corpo nem cara nem coroa;
Não tem pé nem cabeça.
Só que o mundo é claro
É evidente.
Então tem um monte de gente
Que acha que é diferente.
vanessap
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
É impossível postar de domingo.
Sem mais -
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Na tentativa de ser o que se é
Vim compartilhar um pouquinho do que vivi ontem. Quem sabe até ensinar um pouco, não sei. Talvez seja pretensão minha, mas enfim...acho que aprendi bastante ontem. Não sei dizer exatamente o que aprendi, mas é fato que a experiência me mudou. Acho que isso é aprendizado. Deixar que uma situação ou um encontro te faça diferente.
Somos todos seres inacabados, em construção e sempre temos o que aprender. Sempre tem alguma coisa que nos faz mudar, basta recebê-la. Acho que tem muita gente preocupada com o destino e esquecendo que a existência baseia-se na jornada. É durante o caminho que moldamos nossa essência.
Descobri que não existe bom e mau. O que existem são bons e maus encontros. Num bom encontro, a sua capacidade de afetar e ser afetado é ampliada. E daí surge um sentimento de alegria. Uma explosão de possibilidade. Aproveita ao máximo cada encontro e receba as mudanças que lhe vierem.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Ontem eu aprendi a não superestimar e complicar a vida. Não leve as coisas tão a sério. Não fique preocupado em proferir termos que você nem sabe o significado, mas treine muito bem sua oratória. Fale bem, sem receio, gesticule, seja enérgico e seguro do que você está falando, mesmo que você nem tenha tanta certeza assim. Funciona, eu juro. Todo mundo acredita. Se tiver uma reunião de negócios, não tenha medo. Todo mundo ali é gente como você, é orgânico, carne e osso. Não podem te fazer nada mais do que você faria para eles. Também ninguém tem poderes paranormais, não lê a mente de ninguém. Por isso, pode pensar em querer dar uma dormidinha depois do almoço. Não queria se passar por business man porque você não é. Você é um estagiário, e todo mundo ali sabe disso, não adianta disfarçar. Vai ficar feio. Mas também não fique com cara de adolescente porque você também não é. Se imponha e fale sempre a verdade, seja sincero.
No almoço, não fique o tempo todo conversando sobre a queda das ações da Comissão de Valores Mobiliários do Norte do Mediterrâneo e tal. Fale sobre a comida, sobre filmes brasileiros, sobre coisas que você gosta de fazer. Ou não fale nada disso também, discurse sobre os prós e contras da água com gás. Simplifique as coisas, sorria e seja gentil. Mesmo que você seja mulher ou estagiário, é sua obrigação ser cortês e conversar bem, afinal você já tem pelo menos 20 anos. Almoce bem, mas coma devagar! Aceite o café, se quiser. Não aceite, se não quiser. Aliás, não faça nada que você não queira fazer só porque não tem coragem de dizer não. E também não passe vontade. Se estiver com sede, peça água.
Em suma, não torne as coisas mais difíceis do que elas são. Essa coisa de ficar querendo parecer uma coisa que você não é não dá certo. Haja com naturalidade. Saiba bem do que se trata o assunto que vai ser tratado, guarde os nomes das pessoas a quem você foi apresentado e de onde elas vêm. Não fique sofrendo por antecedência. Na hora você vê o que faz. Seeeempre dá certo, eu garanto, de uma forma ou de outra. Não se subestime, não se ache pior nem melhor do que ninguém. Nunca se sinta um encosto, uma sombra de alguém. Você tem nome, tem cargo, tem responsabilidade, tem obrigações assim como todo mundo ali. Também nunca se culpe se, ainda assim, sentir-se nervoso, preocupado, ansioso, com medo e com complexo de inferioridade. É natural, apesar de todo nosso esforço para isso não acontecer. E o principal: aproveite cada momento do seu dia, cada pessoa, cada dica, cada caso contado, cada experiência. Ainda que no futuro você venha a ter muitos encontros e obrigações desse tipo, cada um é diferente do outro e vai te ensinar muito. Tchau.
VP
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
"Tudo muda.. até bermuda?" ou "Dessa vida só se leva a vida que se levou" ou o mais novo "Geração alienada"
"Eu penso assim: tudo que está acontecendo só vai acontecer uma vez. O tempo não volta, e cada segundo que passa é um tempo de vida que você perdeu (ou ganhou).
Pra quê deixar esses segundos passarem como momentos ruins? Pra quê se estressar com as coisas? Lógico que temos que perder muito tempo de vida com essas experiências ruins, para poder ganhar outros depois, não cometendo os mesmos erros. Mas há muita gente que não vê que está deixando a vida passar, em vez de aproveita-la.
Tudo que acontece tem um lado bom. Você pode até pensar que não tem, mas é impossível dizer que você não amadurece com as experiências ruins.
Aproveite a vida ao máximo, até a última gota. Dessa vida só se leva a vida que se levou. Faça dos momentos ruins um aprendizado, e dos bons, os melhores da sua vida. Viva cada dia como se fosse o primeiro e o último da sua vida. No fim tudo dá certo. Se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim."
Nota póstuma: E o meu irmão, de 16, me disse hoje que a solução para colocar as crianças na escola é o governo dar uma quantia anual para cada pessoa que nasce (igual a política pró-natalidade da Alemanha), e para acabar com o trânsito o certo seria parar de vender carros.
E fim (ifunomaramim).
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
gimme more.
Cara de pau radiofônica? Muita.
De fato, não sou obrigada a escutar a rádio, posso muito bem escutar um CD gravado por mim mesma, com as faixas escolhidas a dedo e tal. Mas o problema é que, como disse Lobão certa vez em uma entrevista, “Por mais modernos que estejamos, com internet, o que faz existir o imaginário no inconsciente da população é o rádio”.
E isso me incomoda. Tenho tido a impressão que as rádios tem um setlist formado por umas 15 músicas, que são tocadas randomicamente durante o dia todo. E esse não é um problema exclusivo das rádios. Com exceção da Internet, que ainda é para poucos no Brasil, temos esse movimento acontecendo em todos os meios: TV, revistas, cinema, jornais e sei-lá-mais-o-quê.
que saco.
“Vocês, com guerra, ditadura, torturas, pessoas sumindo, acham que tão dando de mil em termos de agruras e obstáculos. A minha geração não tem um coronel torturando. Mas tem a Xuxa. O inimigo é cor-de-rosa.”
Lobão
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Tia, deixa eu ir de novo, vai? Deixa!

Pra dizer a verdade, nunca fui muito de acreditar nessas coisas mas, enfim, não custa nada tentar. Resolvi fazer um pedido que eu sabia que não ia se realizar, mas foi o que me veio na cabeça na hora. e eu adorei!
Eu pedi para que voltasse a ter 4 anos de idade. Imagina que delícia seria... Tudo era tão gostoso e fácil. O mundo era tão mais legal!!
A gente chorava quando caía no chão ou machucava alguma coisa. Ninguém chorava de depressão, desilusão amorosa ou crise existencial.
Não havia nenhum tipo de preocupação com calorias. Alías, não havia nem o conhecimento sobre esse tipo de coisa do além. Meus conhecimentos sobre comida não eram nada vastos. No máximo uma carninha moída e "papa tudinho senão não ganha sobremesa!" (ps: sobremesa era uma das palavras mais mágicas que eu conhecia naquela época)
Tudo o que você vestia ficava bonitinho. Afinal você tinha 4 anos. Até aquela camiseta suja de molho de macarrão e argila ficava linda! Junto com aquele penteado horroroso que sua mãe fazia, ficava melhor ainda. Uma graça!
Você caía toda hora, mas isso era a coisa mais normal do mundo, pra todo mundo. Era só chorar um pouquinho, ganhar um pouco de atenção e pronto: passou! Agora, a maioria das quedas são vergonhosas e resultantes de um noite alcoolizada. E os roxos sempre aparecem no dia seguinte...
Ser criança era muito bom. Se você ficasse muito trsite, era só tomar um toddynho ou um danoninho que tudo melhorava. Quem dera fosse assim ainda, assim nós, adultos, não gastaríamos tanto dinheiro em terapia, antidepressivos, baladas, bebidas e afins.
Por falar em dinheiro, tá aí uma coisa que só servia pra brincar de lojinha. E nem precisava de muitos dinheiros. Só umas moedinhas já eram suficiente para comprar qualquer coisa.
Naquela época, a sua única obrigação era ir pra escolinha. E isso significava encontrar os seus amiguinhos, fazer desenhos, brincar e se sujar muito, tomar um lanchinho gostoso e tirar uma sonequinha melhor ainda.
Era bom não ter nenhuma preocupação com o futuro. A não ser que tivesse marcada uma ida ao zoológico no dia seguinte. Aí vc se preocupava com o futuro. Também, né! Hellôo!! Nada é mais importante do que ir ao zoológico!! Sabe? Eu tenho minhas prioridades!!
Enfim, sei que meu pedido não vai ser realizar, mas achei gostoso brincar de imaginar...
beijotchau =)
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
a fechadura, a pedra, ou qualquer coisa que não te leve aonde você não quer chegar
lucassap.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
a chave, o caminho, ou qualquer coisa que te leve aonde você quer chegar
Depois de perder hora e tomar banho, vou tomar café. Às vezes dá preguiça de tomar café ou não dá tempo, mas eu como porque sei que é importante. Aí vem o arroz-com-feijão de novo...digo, o copo de leite desnatado, a fatia de pão, a fruta. Every-single-day. Acho que é a rotina. Aí vou pro trabalho, que é assim: de manhã tenho uma obrigação que é igual todos os dias. Então, todas as manhãs eu faço a mesma coisa. Aí tem o almoço: arroz, frango ou peixe e salada. Every-single-day. Às vezes eu mudo de restaurante, pra variar um pouco. Mas a comida é sempre a mesma, impressionante. Acho que é a rotina. De tarde muda um pouco: o trabalho depende da necessidade, ou seja, não tem uma obrigação pré-definida. Fico resistindo ao café. Bebo água. Bebo mais um pouco pra passar o tempo. Quando vi, bebi alguns litros e to indo no banheiro de cinco em cinco. Também olho no relógio de cinco em cinco. Às vezes até de dois em dois. Não deveria ter relógio no computador. Alguém sabe como esconde?
Quando chega 17 horas...ah, delícia! Já me sinto fora do expediente. Hahahaa, que ninguém descubra isso! Aí começa a contagem regressiva. Será que só eu sou assim? Quando dá 17:50h, pronto, acabou! Mal dá tempo de escovar os dentes, arrumar minha mesa e desligar o computador, quem dirá que há tempo de trabalhar mais um pouquinho! Aí pego o ônibus (o mesmo de sempre), depois de uma hora to em casa. Aí como alguma coisa, me troco e vou pra academia. Fico lá até cansar, volto, tomo banho, faço alguma coisa no computador e vou dormir. Aí acaba. Quer dizer, aí que começa tudo de novo. Ai, mas o mal-estar continua, viu. Alguém tem alguma receita pra retenção de líquido? Não? E pra retenção de felicidade?
vanessap.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Despedida dos 20 anos.
Essa data sempre gerou muitos questionamentos e reflexões. No momento estou me sentindo um pouco nostálgica, meio saudosista, pensando no passado. Comecei a olhar pra trás e a lembrar do caminho que me trouxe até aqui. Das pedras e flores da estrada. Das trilhas sonoras, dos abraços, das fotos, das quedas, dos porres, dos beijos e dos erros. Resolvi colocar no papel algumas coisinhas que aprendi até agora. Aprendi:
- que muitas vezes ser gentil é mais importante do que estar certo
- que não importa quanta seriedade a vida exija de você, todo mundo precisa gargalhar de vez em quando
- que algumas vezes tudo o que precisamos é de colo
-que são pequenos acontecimentos que tornam a vida extraordinária
- que ignorar os fatos não os altera
- que não posso mudar o acontece, mas posso escolher o que fazer a respeito
- que o mínimo que posso fazer é ter pensamento positivo
- que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu
- que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso
- que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar a aparência
- que ninguém é perfeito
- que quanto menos tempo eu tenho, mais coisas eu consigo fazer
- que todo mundo tem um lado bom e um lado ruim
- que devo me cercar de pessoas que me querem bem
- que sentir saudades é uma chance de viver de novo
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Caixa Mágica
