quinta-feira, 11 de outubro de 2007

(estou com calor demais pra pensar num título, então vai só o texto mesmo)

Era mais um daqueles dias abafados e longos, sem nada para fazer e ninguém para encontrar. Eram 4 da tarde quando acabou a luz do prédio. O vento começou a fazer barulho na janela, as portas começaram a bater e seu coração foi aos poucos se acelerando. Era um vento fresco, de chuva forte de verão. O céu foi ficando escuro, e quando ela percebeu, já parecia noite. Ela não agüentava mais ficar em casa. Não tinha nada pra fazer...nem ler, pois já estava escuro demais para isso. Além disso, o barulho da água batendo na janela não deixava ela se concentrar em nada.
Colocou o chinelo e desceu. Sem chaves, sem bolsa, sem guarda-chuva e sem medo. Foi pra rua tomar um banho.
Ela andava bem devagar pela rua vazia. Era tanta chuva, e tão forte, que pouca gente tinha coragem de enfrentá-la. Só que ela não tinha coragem era de sair de lá. Onde ela se sentia acolhida.
Ela sentia que a rua era só dela. Que a chuva era só dela. Toda dela.
Pensava que não havia nada melhor do que uma boa chuva para lavar o suor de seu corpo e a pressa de sua vida. E ainda melhor do que só andar na chuva era chorar na chuva. E ela chorou sorrindo.
Ela sempre foi apaixonada pela chuva mas não sabia direito o porquê. Essas caminhadas sempre lhe deixavam com a alma tranqüila.
Uma vez um desconhecido lhe disse que era porque, na chuva, ela podia chorar suas mágoas, mas com lágrimas alheias. Aquilo nunca mais saiu da sua cabeça e, toda vez que chovia, ela saia de casa para dar uma volta.
Infelizmente não têm chovido muito. E ela tem chorado suas mágoas com as próprias lágrimas. Às vezes é tanto que parece que desbota os olhos. Mas depois passa.

juju

5 comentários:

Anônimo disse...

"A melhor lavada é a que vem da alma"


te amo, juju!!!

Anônimo disse...

Pra mim, um dos melhores ever.

sutil.amei.

beijos.

lia disse...

ai amiga, me emociono com o quanto nossa maneira é parecida. parece q vc tira as palavras de dentro de mim e coloca no papel.
sem palavras pra dizer o quanto eu adoro!!!
bjss

Anônimo disse...

talvez pela falta da chuva é que o calor tenha conseguido lhe tirar o título...

Adorei o texto.

Unknown disse...

Textos sao cheirosos...
derreteu um tiquinho a saudade..
Pri